E agora, mãe?

  

Como posso conviver sem remorso com essa dor da ausência que eu não sinto?
Será que um dia me arrependerei  por estas palavras?  Você estava sempre ali do meu lado, assim eu quis acreditar, mais um dia a gente cresce e as coisas mudam...você nunca me disse que ia mudar, de repente tudo é tão incerto, a convivência correntia, se transforma em cortesia, sem intimidade, sem apego, sem cumplicidade, tão vazio como este abismo que nos separa agora...
Cada uma com sua casa, com sua vida, seus amigos, de quem a outra não gosta. Tudo é tão estranho dito assim, mais se encaixa perfeitamente, da até uma certo constrangimento, uma sensação de que alguém devia se importar por isso...mais não se importa...
Te conto meu dia, como quem conta que foi as compras, escondo meus segredos, por que sinto que você não faz parte do meu mundo, simples conveniencia, pra não aborrece-la.
Me incomodo quando as visitas são longas demais, ou são muito constantes, parece que há entre nós um certo desconforto, uma ausência de não sei que sentimento...que eu sei, ja esteve ali.
As vezes queria sentir de outra forma, mais não é ódio, nem rancor, é só indiferença, queria poder me importar de verdade, perguntar por interesse e não por educação, mais alguma ficou pra trás, acho que talvez naquele quarto que você decorou, a seu modo, naqueles passeios de que você gostava, nas suas músicas... acho que na verdade, sempre teve tão pouco de mim nisso tudo.Nunca o suficiente. 
Mais ainda assim sinto que devia me importar...mais já não me importo.