sábado, 28 de maio de 2011

Cheio de ninguém.

Lá esta cheia de buracos, ausências de gente que devia ocupar o devido lugar e não está lá. Minha imaginação por ali anda, perde-se entre muitos que eram e agora deixam de ser, e são somente fantasmas. O meu retrato que existe ainda, é uma farsa por ser menos eu do que eu mesma era. E perco-me a olhar a rua que por si só continua a mesma. A vizinha que morreu a uma semana -eu só lhe dizia bom dia e boa tarde-  é como se ela ainda estivesse a janela, o vizinho que morreu a meses e eu não sabia, seria bom dizer-lhe um olá e esperar por não me reconhecer, por que não me imaginava com mais 15 anos, e o pai do meu amigo que já está lá, afinal esqueci-me disso, por ser mais evidente ele estar vivo.
Olho para o tempo, vejo que já tem mais mortos na vida do que vivos. E fica os lugares cheios de ninguém, da ausência de quem ocupava este lugar. De tantas pessoas que deviam estar lá, e não sei bem porque, se foram pra algum outro lugar. E depois a memoria tudo afasta e vidas inteiras se resumem em uma frase... que o tempo também faz a gente esquecer.

domingo, 1 de maio de 2011

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Ainda era cedo, mais eu já não aguentava estar deitada na mesma cama que você .Levantei-me sem a mínima preocupação de não te acordar, vi as calças e meu vestido da noite anterior embrulhados no chão e os sapatos jogados, longe um do outro. Pus-lhe as mãos nos bolsos e encontrei um maço com dois cigarros. Abri a janela e fitando o horizonte, acendi um, deixei-me perder por um instante. Olhei-te com desdém, já não eras absolutamente nada. E nenhum significado tinhas pra mim. Ri-me, simplesmente. Não me preocupei com o corte que tinha no dedo, com o horário, nem com o rímel borrado que ainda tinha nos olhos.Vesti meu vestido e prendi o cabelo. Guardei as chaves do carro no bolso da jaqueta azul e pus os óculos de sol. Deixei a porta bater.
Desta vez, não esperei por ti.